Atendimento em Libras: Por que o Humano Supera o Avatar

ter, 27 de maio

Com o avanço da tecnologia, o uso de avatares em atendimentos em Libras (Língua Brasileira de Sinais) tem se tornado cada vez mais comum, principalmente em sites e serviços automatizados. No entanto, por mais que pareçam uma solução moderna e econômica, os avatares ainda estão longe de oferecer uma experiência verdadeiramente inclusiva e eficaz para a comunidade surda. Neste artigo, discutimos as principais diferenças entre o atendimento feito por intérpretes humanos e o atendimento por avatares — e por que o atendimento humanizado continua sendo a melhor escolha.

1. Contexto Cultural e Emocional

A Libras não é apenas uma tradução direta do português: é uma língua completa, com estrutura gramatical própria, expressões faciais, variações regionais e contextos culturais únicos. Um intérprete humano compreende esses aspectos e consegue adaptar a mensagem conforme o contexto, além de captar e transmitir emoções — algo essencial na comunicação com qualquer ser humano.

Avatares, por outro lado, operam com vocabulários limitados, sem nuances emocionais, e não conseguem interpretar gírias, expressões regionais ou contextos mais sutis. Isso reduz a profundidade da comunicação e pode gerar mal-entendidos ou uma sensação de frieza e distanciamento.

2. Flexibilidade e Interatividade

No atendimento humanizado, o intérprete pode adaptar sua comunicação em tempo real, fazer perguntas para confirmar entendimentos, mudar a abordagem conforme a necessidade da pessoa surda e até lidar com situações inesperadas ou emergenciais.

Avatares seguem scripts pré-programados. Eles não têm a capacidade de improvisar ou adaptar o discurso com base na reação do usuário. Isso limita a interação a um fluxo engessado, que pode ser frustrante — especialmente em atendimentos públicos, de saúde ou de emergência, onde clareza e empatia são fundamentais.

3. Empatia e Conexão Humana

A comunicação entre humanos vai além da transmissão de informação: envolve conexão, empatia e respeito mútuo. Um intérprete de Libras consegue criar um ambiente de acolhimento e segurança, contribuindo para que a pessoa surda se sinta valorizada, respeitada e verdadeiramente ouvida.

Avatares, por mais bem programados que sejam, não estabelecem vínculo. São ferramentas visuais que muitas vezes passam a sensação de indiferença — o que pode aumentar o sentimento de exclusão de quem já enfrenta barreiras de acessibilidade diariamente.

4. Representatividade e Valorização Profissional

O uso de intérpretes humanos também é uma forma de valorizar o trabalho dos profissionais de Libras e reconhecer sua importância na inclusão social. São pessoas treinadas, certificadas e muitas vezes com profundo envolvimento com a cultura surda.

A substituição por avatares desvaloriza essa profissão e pode levar à precarização do serviço, além de ignorar a importância da representatividade no atendimento. Afinal, nada substitui o olhar, o gesto e a presença de alguém que realmente entende e respeita a comunidade surda.


Conclusão

Embora os avatares possam ter um papel complementar, especialmente em situações de baixo risco e como recurso de apoio, eles jamais devem substituir o atendimento humanizado em Libras. A inclusão verdadeira acontece quando colocamos as pessoas no centro do processo, respeitando suas singularidades, suas necessidades e seus direitos.

Investir em intérpretes humanos é investir em acessibilidade real, comunicação eficaz e, acima de tudo, dignidade.

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